sexta-feira, 27 de julho de 2012

Histórias de Inclusão Digital e Cidadania na Amazônia

PURAQUÉ:



O Projeto Puraqué é um projeto de Cultura Digital e Cidadania. Nasceu, em 2001, a partir da iniciativa de dois jovens, como você, que integravam grupos e movimentos sociais em busca de melhorar as condições do bairro onde moravam: Mapiri e liberdade, na cidade de Santarém (Pará – Brasil): Jader Gama e Tarcisio Ferreira, após uma conversa, resolveram juntar seus conhecimentos, e com os seus dois computadores pessoais iniciaram as aulas de Inclusão Digital.
Mas as aulas não incluiam apenas os conhecimentos básicos de informática. Seus alunos, que viviam em condições de vulnerabilidade social, tiveram oportunidade de aprender com uma abordagem bem diferente do ensino tradicional, em uma linguagem que era parte do cotidiano deles, também discutiam violência, sexo, drogas, desemprego, etc.
As dificuldades foram imensas, mas os jovens não desistiram e o projeto cresceu porque transformava a realidade de muitos dos "alunos" do pequeno grupo que inovava na comunidade. E assim, outras comunidades passaram a integrar o Puraqué que já atuava em outros bairros e municípios da Região. Os bairros de Mapiri, Diamantino e Conquista, zonas periféricas de Santarém, provenientes em suas maioria de lutas por terras, passaram a integrar o espaço de atuação do Puraqué.
Na Amazônia, o Projeto Puraqué e o Projeto Saúde e Alegria possuem uma sinergia e atuam na promoção dos processos participativos de desenvolvimento comunitário integrado e sustentável. São projetos que atuam junto aos povos da floresta, na implantação de telecentros em comunidades ribeirinhas localizadas bem no coração da Amazônia. O Puraqué, através da articulação nacional junto aos Pontos de Cultura do Ministério da Cultura, entrou na Rede Mocambos e hoje participa ativamente da inclusão digital das comunidades quilombolas da Amazônia, como é o caso do Mocambo Pauxis, na área rural do município de Óbidos.
Com a parceria estratégica com o Projeto Saúde e Alegria e o Puraqué, foi aprovado o Projeto Pontão de Cultura Digital do Tapajós com foco na difusão da Cultura Digital através do acesso a Internet Banda Larga e uso de Software livre. E é por isso que o Puraqué é também referência em uso de Software Livre na Amazônia: realiza atividades como oficinas de áudio, vídeo, gráfico e metareciclagem, tudo isso dentro de um princípio filosófico de uso do Software Livre, da metareciclagem.
Curiosidade sobre o Puraqué:
Puraqué, é um peixe característico da floresta amazônica, que chega a medir dois metros na sua fase adulta, alimenta-se dos frutos do açaizeiro, e é capaz de gerar uma descarga elétrica de até 600 volts. A escolha deste nome para o projeto se deu pelo fato dos participantes das atividades quererem um nome genuinamente amazônico e que fosse conhecido por todos os moradores da floresta, além disso o peixe Puraqué, é um medidor ambiental, pois onde o Puraqué vive é por que a mata ainda é respeitada, e os rios e igarapés ainda estão preservados. Metaforicamente quis se dizer que onde o Puraqué vive ainda há vida e há esperança, e por isso estamos levando o peixe elétrico para esperança para os jovens dos bairros periféricos de Santarém.
Hoje, o Puraqué é reconhecido nacionalmente como uma referência na área de Inclusão Digital. Foi reconhecido com o Prêmio de "Caso de Sucesso em projetos de informática em escolas públicas, na 7ª Oficina Nacional de Inclusão Digital, realizada em Salvador em 2007.
Uma palavra de Jader Gama: "Meu sonho pessoal é que a partir da apropriação dos meios de comunicação digital (computadores e internet), o meu povo possa construir uma nova forma de desenvolvimento sustentável para Amazônia, baseada na partilha e sinergia entre o conhecimento popular e científico, e no respeito ao ser humano e à natureza".

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